20 Abril 2016

O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, inicia um périplo pelo Golfo pérsico esta quarta-feira, 20 de abril, a começar com uma visita à Arábia Saudita, em que a Amnistia Internacional insta a que o chefe de Estado norte-americano não vire as costas às vítimas de repressão e de violações de direitos humanos nos países da região.

Numa carta aberta divulgada em antecipação à reunião de Obama com o rei saudita Salman bin Abdulaziz Al Saud, nesta quarta-feira, e com os líderes do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC), em Riade, no dia seguinte, a Amnistia Internacional exorta o Presidente dos Estados Unidos a garantir que os abusos de direitos humanos não são varridos para debaixo do tapete.

“Esta visita do Presidente Obama constitui uma oportunidade crucial para que demonstre um compromisso de princípio com os direitos humanos e provar ao mundo que a Administração norte-americana não sacrificará os direitos humanos em favor dos interesses comerciais e geopolíticos dos Estados Unidos”, frisa o vice-diretor do Programa Médio Oriente e Norte de África da Amnistia Internacional, James Lynch.

O perito da organização de direitos humanos sustenta que “esta visita é um teste-chave da vontade do Presidente Obama em confrontar os países do GCC sobre uma longa lista de violações de direitos humanos, em que se incluem a discriminação de mulheres e minorias, detenções arbitrárias e julgamentos flagrantemente injustos para esmagar a dissidência em nome da segurança nacional, o uso da pena de morte, a exploração e abusos de trabalhadores migrantes e a crescente intolerância da expressão pacífica por parte dos cidadãos, assim como o recurso a legislação de antiterrorismo e de ciber-crimes”.

“Por toda a região do Golfo, muitos ativistas políticos e defensores de direitos humanos enfrentam perseguição, intimidação e prisões injustas”, sublinha James Lynch.

A carta aberta dirigida a Obama identifica mais de 40 prisioneiros de consciência no Bahrein, Kuwait, Omã, Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos que se encontram atrás das grades apenas pelo exercício pacífico do direito de liberdade de expressão.

A visita de Obama ao Golfo faz também recair as atenções no próprio papel dos Estados Unidos no recente conflito no Iémen, onde já morreram mais de 3 000 civis e mais de 2,8 milhões de pessoas foram forçadas a fugir das suas casas.

“Ao longo deste ultimo ano, os Estados Unidos têm alimentado as chamas do conflito no Iémen, continuando a fornecer armas à Arábia Saudita apesar das sólidas provas de que a coligação militar liderada pelos sauditas cometeu generalizadas violações de direitos humanos, incluindo possíveis crimes de guerra”, avança ainda o vice-diretor do Programa Médio Oriente e Norte de África da Amnistia Internacional. “Em vez de se esforçar em garantir que são firmados lucrativos negócios de armamento, a Administração de Obama deve suspender todos os fornecimentos de armas para serem usadas no Iémen e pressionar para que seja feita uma investigação internacional aos alegados crimes de guerra cometidos por todas as partes envolvidas no conflito no Iémen”, remata.

 

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