24 Agosto 2012

O escritor Arzhang Davoodi, que enfrenta novas acusações, mesmo estando já preso há quase nove anos, deve ser libertado imediata e incondicionalmente, diz a Amnistia Internacional.

Arzhang Davoodi, de 60 anos, que se encontra preso desde outubro de 2003, terá uma audiência na secção 15 do Tribunal Revolucionário de Teerão a 26 de agosto, com uma nova acusação de “inimizade contra Deus” (moharebeh), que acarreta uma possível condenação à pena de morte.

Crê-se que esta nova acusação se relaciona com o seu ativismo político pacífico e com aquilo que escreve, assim como com o lançamento de uma gravação áudio na qual apela por “liberdade e democracia”.

A mensagem gravada foi amplamente divulgada na internet após a Confederação de Estudantes Iranianos, um movimento estudantil independente pró-ocidente de cerca de 7.000 membros, a ter mostrado numa conferência nos Estados Unidos da América.

Teme-se que Arzhang Davoodi tenha sido torturado e maltratado desde a sua transferência, a 27 de junho, para a Secção 209 da Prisão Evin do Teerão, que se acredita ser controlada pelo Ministério dos Serviços de Inteligência.

“Arzhang Davoodi não só está preso apenas por exercitar pacificamente os seus direitos à liberdade de expressão e associação na sua escrita e ativismo político, como agora enfrenta novas acusações após ter estado preso durante nove anos”, afirma Hassiba Hadj Sahraoui, Diretora-Adjunta da Amnistia Internacional para o Médio Oriente e Norte de África.

“Ele é um prisioneiro de consciência e as autoridades iranianas devem libertá-lo imediata e incondicionalmente”.

“A intolerância com dissensão por parte das autoridades iranianas é tal que estas continuam a atacar Arzhang Davoodi e a sua família apesar de ele já se encontrar na prisão”.

“As autoridades iranianas devem também protegê-lo de tortura e outros maus-tratos e oferecer-lhe toda a assistência médica necessária, assim como permitir-lhe acesso imediato à sua família e ao seu advogado”.

Arzhang Davoodi cumpriu a sua pena em várias prisões no Irão desde o início da sua detenção: na Prisão Bandar Abbas, na Prisão Hormozogan – 1.500km a sul da sua casa –, na Prisão Reja’i Shahr e na Prisão Evin, incluindo na Secção 209.

Passou também longos períodos em solitária na Prisão Evin desde a sua detenção, e não teve contacto com a família desde a sua transferência para a Secção 209.

Arzhang Davoodi foi detido em outubro de 2003 por participar num documentário, Forbidden Iran (Irão Proibido), no qual falou sobre violações de Direitos Humanos no Irão.

No seguimento de um julgamento em 2005, foi condenado a 15 anos de prisão e a 75 açoites pelo Tribunal Revolucionário, por acusações relacionadas com “divulgar propaganda contra o sistema”, “estabelecer e dirigir uma organização de oposição ao governo”, por ser o diretor do Centro de Educação Cultural Parto-e Hekmat no Teerão, participar na realização do documentário, e pelo que escreveu sobre um sistema de governo secular no Irão. A sua pena de açoitamento não foi aplicada.

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