2 Novembro 2012

As ações brutais das forças de segurança em resposta à campanha de terror do grupo Boko Haram estão a piorar uma situação que era já desastrosa.

 
O relatório da Amnistia Internacional Nigeria: Trapped in the cycle of violence documenta as atrocidades levadas a cabo pelo Boko Haram, como homicídios, ataques a escolas e igrejas e intimidação, perseguição e ataques a imprensa e jornalistas. São também documentadas as graves violações de Direitos Humanos perpetradas pelas forças de segurança em resposta às ações do Boko Haram, incluindo desaparecimentos forçados, tortura, execuções, ataques a casas e detenções sem julgamento. Expõe-se também o clima de medo no qual as pessoas temem apresentar queixas de crimes, e os jornalistas não cobrem determinadas histórias por temer pela sua segurança.
 
As operações das forças de segurança que visam o Boko Haram não respeitam o Estado de direito ou os Direitos Humanos. Centenas de pessoas acusadas de se relacionarem com o grupo foram arbitrariamente detidas pelo Join Task Force – um grupo de várias forças de segurança com poderes conferidos pelo presidente com o objetivo de restaurar a ordem em áreas afetadas pelo Boko Haram –, pelas forças de segurança do Estado (State Security Forces) e pela polícia. Muitas pessoas ficaram detidas por períodos prolongados sem acusação ou julgamento e sem notificação das suas famílias, sem acesso a advogados. Muitos foram executados extrajudicialmente.
 
“O ciclo de ataques e contra-ataques é marcado por violência de ambos os lados, com consequências devastadoras para os Direitos Humanos de quem é apanhado no meio. As pessoas vivem num clima de medo e insegurança, estão vulneráveis a ataques do Boko Haram e sofrem violações de Direitos Humanos às mãos das forças de segurança que os deviam proteger”, diz Salil Shetty, Secretário-Geral da Amnistia Internacional.
 
“O governo da Nigéria deve agir para proteger a população da campanha de terrorismo do Boko Haram, mas deve fazê-lo dentro dos limites de um Estado de direito. Todas as injustiças realizadas em nome da segurança alimentam mais terrorismo, criando um ciclo vicioso de homicídios e destruição”.

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