31 Março 2016

Ativistas e apoiantes da Amnistia Internacional em todo mundo escreveram 3 714 141 cartas e mensagens durante a Maratona de Cartas de 2015, o grande evento anual da organização em defesa de pessoas e comunidades que sofrem terríveis violações de direitos humanos.

Só em Portugal foram 172 550 assinaturas, mais 23 mil do que no ano passado – um crescimento alicerçado no esforço coletivo de voluntários, ativistas, membros, escolas, grupos e de todos que assinaram as cartas.

Em 2015, a Amnistia Internacional contou com a participação em Portugal de 173 escolas, 33 grupos locais e oito instituições numa enorme variedade de ações. Desde debates, sessões de cinema, molduras humanas, bancas para recolha de assinaturas, peças de teatro e outras performances, passando pelo concerto “Live Rights”, foram vários os modos de ação encontrados para sensibilizar as pessoas para os quatro casos trabalhados em Portugal no maior evento anual da organização na mobilização em defesa dos direitos humanos.

O caso do jornalista e defensor de direitos humanos angolano Rafael Marques, condenado em Luanda pelo simples exercício da liberdade de expressão, reuniu o total de 38 853 assinaturas, numa petição que foi entregue no início de março na embaixada de Angola em Lisboa.

Também a petição no caso de Yecenia Armenta, condenada à prisão no México com base numa “confissão” extraída sob tortura brutal, foi entregue pela Amnistia Internacional na embaixada do México em Lisboa, em fevereiro passado. Este caso reuniu o total de 37 519 assinaturas. Numa visita a Yecenia Armenta, equipa da organização de direitos humanos fez-lhe chegar algumas destas cartas e mensagens.“Receber todas estas cartas, que diziam que eu não estava sozinha, fez-me sentir muito bem. Pensei ‘sim, é verdade, não estou sozinha; realmente apoiam-me’. É emocionante pensar que estas pessoas continuam a querer saber dos direitos das outras pessoas – e não me conhecem”, disse.

E na embaixada da Grécia em Lisboa, a Amnistia Internacional entregou, também em fevereiro passado, a petição defendida no caso LGBTI em que Costas e o companheiro foram alvo de violentos ataques, em Atenas, devido às suas escolhas e orientação sexual. “A Maratona de Cartas é um dos mais importantes eventos do mundo, e porque não vivemos num mundo perfeito, tem e deve continuar. É maravilhoso! Estou comovido, e agradeço do fundo do meu coração a todas as pessoas por terem escrito e contribuído para este evento. Obrigado por me terem trazido luz no meio da escuridão”, agradeceu. O caso de Costas reuniu 54 656 assinaturas só em Portugal.

As 41 522 assinaturas recolhidas no caso das raparigas e adolescentes no Burkina Faso, que são forçadas a casar precocemente e limitadas nas suas escolhas de vida e no exercício dos seus direitos sexuais e reprodutivos, seguirão para a Amnistia Internacional no Burkina Faso, sendo aí entregues às autoridades do país. No mundo inteiro foi mais de meio milhão de pessoas a fazer-se ouvir, instando às autoridades que não ignorem aquela prática, proibida pela Constituição do país assim como pela lei internacional. O ministro da Justiça do Burkina Faso já declarou o compromisso do Governo na erradicação do casamento precoce e forçado no país, com a aprovação de uma estratégia nacional e um plano de ação, tendo acrescentado que se sentiu compelido a fazê-lo depois “de receber cartas, emails e correspondência de pessoas de todo o mundo”.

 

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