Graves violações de direitos humanos e do direito internacional humanitário – incluindo execuções extrajudiciais de civis – têm sido cometidas pelo exército do Mali no decorrer do conflito com grupos armados, apurou a Amnistia Internacional na missão de 10 dias ao país para recolha de provas, em final de janeiro. Os grupos armados islâmicos têm também cometido graves violações, como execuções e o recrutamento de crianças-soldado.
“À medida que o conflito se desenrola no Mali, todas as partes envolvidas devem assegurar que o direito internacional humanitário é respeitado – nomeadamente tratar humanamente os prisioneiros e tomar todas as precauções para minimizar os danos civis”, diz Gaëtan Mootoo, investigador da Amnistia Internacional para o país.
A delegação da Amnistia levou a cabo investigações nas cidades de Ségou, Sévaré, Niono, Konna e Diabaly, onde recolheu relatos de detenções e execuções extrajudiciais cometidas pelo exército do Mali a 10 de janeiro, véspera da ofensiva conjunta com o exército francês. Nesta o exército direcionou os ataques a quem era suspeito de manter laços com grupos islâmicos. Os critérios foram a roupa que vestiam ou a origem étnica.
“As autoridades devem levar a cabo uma investigação independente e imparcial aos relatos de execuções extrajudiciais pelas forças armadas e todos os elementos das forças de segurança suspeitos de envolvimento nas violações de direitos humanos devem ser suspensos”, apela Gaëtan Mootoo. “É ainda imperativo que a França e o Mali investiguem os ataques indiscriminados e tornem públicas todas as evidências”.
A Amnistia Internacional também recolheu provas de execuções extrajudiciais cometidas pelos grupos armados islâmicos, incluindo a execução sumária de 5 soldados feridos, assim como de um civil na cidade de Diabaly, nos dias 14 e 15 de janeiro. Registou-se ainda o recrutamento forçado e o uso em combate de crianças-soldado. A Amnistia apela a que o recrutamento de crianças acabe imediatamente e que as crianças que se encontram nas fileiras dos grupos armados islâmicos sejam libertadas imediatamente.