14 Outubro 2011

Realizou-se ontem, 13 de Outubro, a cerimónia de entrega de um cheque no valor de 7.331 euros pela Porto Editora à Plataforma Por Darfur, da qual a Amnistia Internacional faz parte. O valor foi angariado com a venda do livro Lágrimas do Darfur, de Halima Bashir e Damian Lewis, editado em 2009 pela Albatroz, do grupo Porto Editora.

altLia-se na capa do livro que 1 euro revertia para a Plataforma Por Darfur. O montante foi ontem entregue, pelo Director-Editorial da Porto Editora e responsável pela edição do livro, Manuel Alberto Valente (na imagem da direita), ao Padre Feliz Martins (na foto da esquerda), Missionário Comboniano que está no Sudão há 20 anos, os últimos cinco na região de Nyala.

Este evento teve a participação da AI Portugal, nomeadamente de Ana Monteiro, em representação da Direcção da AI Portugal, que fez a apresentação e conduziu a cerimónia. Também o grupo de jovens da Amnistia, a ReAJ, esteve muito activo e foi fundamental na distribuição dos flyers que enquadravam o evento. Ainda da ReAJ tivemos uma ajuda preciosa da parte de dois elementos, a Mariana Belo e Sofia Lacerda, que conceberam o flyer para esta acção.

O valor angariado vai ser levado para o Darfur, já na segunda-feira, pelo missionário e será aplicado, segundo revelou, “nas escolas que já temos há vários anos na região e nos campos de refugiados onde costumamos ir”. Como referiu Manuel Alberto Valente, foi este “o contributo dos leitores portugueses para a causa do Darfur e para os que, no terreno, lutam por um mundo melhor”. A todos os que compraram o livro, o nosso agradecimento em nome da Plataforma Por Darfur.

 

A situação no Darfur

altAproveitando a presença em Portugal do Padre Feliz Martins, a cerimónia contou ainda com uma sessão de perguntas sobre a situação na região, especialmente após o Sul se ter tornado independente, em Julho deste ano. Para o missionário, “houve impacto em todo o Sudão. No Darfur há várias pessoas que dizem: Agora é a nossa vez”. Ou seja, chegou a hora desta região do país se tornar também independente do Norte.

Recorde-se que o Sudão é, desde a sua independência, em 1956, um país dividido entre “árabes” e “africanos”: os primeiros habitam sobretudo o Norte (onde está o Governo de al-Bashir) e são maioritariamente muçulmanos, os segundos povoam o sul, são negros e pertencem a diversas religiões, não islâmicas.

Os sulistas resolveram a sua situação em Julho deste ano, ao conseguirem tornar-se independentes. Agora, indica o Padre Feliz Martins “ouvi dizer que estão mal, porque são livres. É um país a nascer, com lutas internas por resolver, mas são livres”, ressalva. Uma liberdade que pôs fim a anos de maus-tratos por parte dos muçulmanos do Norte.

Por isso mesmo, os Darfurianos querem também tornar-se um país independente, revela Feliz Martins. O missionário, porém, não acredita que tal esteja para breve: “vejo o desejo, mas não creio que seja viável, porque há quatro líderes de rebeldes na região e cada um trabalha por si”, sem qualquer unidade.

Enquanto a situação no Darfur não se altera, Feliz Martins regressa para manter as escolas que ajudou a erguer na região e para continuar a apoiar os campos de refugiados, que se perpetuam. O que irá encontrar diferente, na próxima semana, é a ausência de cristãos, pois todos terão rumado ao novo Sudão do Sul. Continuará a sua missão com os Darfurianos, pois, para o missionário, somos todos iguais!

 

Beat for Peace

altPara encerrar o evento o grupo Tocá Rufar ajudou, na zona circundante à livraria, a fazer barulho por Darfur. O Padre Feliz Martins prometeu levar o som dos tambores aos Darfurianos. Uma iniciativa que se inseriu na campanha internacional A Beat for Peace, que conta com a participação de artistas internacionais.

A Plataforma Por Darfur é dinamizada pela Africa-Europe Faith and Justice Network, pela Amnistia Internacional, pelos Missionários Combonianos, pela Comissão Justiça e Paz dos Religiosos, pela Fundação AIS, pela Fundação Gonçalo da Silveira e pela Associação Mãos Unidas Padre Damião.

 

 

 

 

 

Artigos Relacionados