17 Fevereiro 2015

O jovem iraniano Saman Naseem, cujo enforcamento está marcado para quinta-feira, denunciou ter sido uma vez mais brutalmente espancado na prisão por homens que se crê serem membros das forças de serviços secretos do Irão, numa renovada tentativa de o fazer “confessar” frente a uma câmara os crimes pelos quais foi condenado à morte e que nega ter cometido. A Amnistia Internacional confirmou também que o jovem iraniano foi transferido esta quarta-feira, véspera da data da execução, da população prisional geral para uma cela solitária – o que no Irão é indicador de execução iminente.

“O tempo está a esgotar-se para Saman Naseem. O facto de o Irão estar determinado a executar alguém que foi torturado para que admitisse um crime de que foi acusado de ter cometido quando era menor mostra de forma muito clara o estado da justiça naquele país”, critica a vice-diretora da Amnistia Internacional para o Médio Oriente e Norte de África, Hassiba Hadj Sahraoui. “Todos estes erros não podem ser desfeitos, mas não é tarde de mais para parar imediatamente a execução de Saman Naseem e dar início a uma reavaliação judicial zelosa do seu caso”, sustenta a perita.

Saman Naseem tem a execução marcada para esta quinta-feira, 19 de fevereiro, tendo sido condenado à pena de morte num segundo julgamento tão injusto quanto o primeiro num tribunal de Mahabad, na província iraniana de Azerbaijão Ocidental, em abril de 2013. Foi dado como culpado de “inimizade contra Deus” e “corrupção na Terra”, em resultado da sua alegada participação nas atividades do Partido para a Vida Livre no Curdistão (grupo separatista que luta por maior autonomia para a minoria curda) e de ter cometido atos armados contra as forças de elite da Guarda Revolucionária. Saman Naseem tinha 17 anos quando os alegados crimes ocorreram e foi detido em julho de 2011.

O jovem, agora com 22 anos, contactou familiares no passado domingo, 15 de fevereiro, relatando-lhes que naquele mesmo dia um grupo de homens com roupas à civil o tinham levado da cela onde aguarda a execução para um gabinete do departamento de segurança da Prisão de Oroumieh. Ali, aqueles homens, que se crê serem agentes do Ministério de Informações e Serviços Secretos, montaram o equipamento de gravação de imagem que traziam com eles e espancaram Saman Naseem durante várias horas para o forçar a uma “confissão”, o que o jovem se recusou a fazer.

Numa carta enviada à Amnistia Internacional, Saman Naseem descreve a tortura a que já fora antes submetido, ao longo de 97 dias: que o mantiveram numa cela de dois metros por meio metro, foi constantemente espancado, vendado e coagido a pôr as suas impressões digitais em documentos de “confissão” que mais tarde serviram de prova no seu julgamento.
 

Saman Naseem pode ser executado na quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015, por crimes que alegadamente cometeu quando tinha 17 anos. Foi condenado à morte num julgamento injusto. Ajude a Amnistia Internacional a salvar Saman Naseem: junte-se à ação em defesa deste jovem, enviando uma mensagem ao Supremo Líder do Irão ayatollah Ali Khamenei para que suspenda a execução, que é ilegal de acordo com a lei internacional tendo em conta a idade de Saman Naseem quando foi detido. Dê também força digital a este apelo, no Twitter.

 

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