- “O genocídio de Israel e os seus ataques aéreos ilegais já causaram um sofrimento humanitário sem precedentes em Gaza. Agora, voltámos à estaca zero” — Agnès Callamard
- Investigadores da Amnistia Internacional falaram com o pessoal médico que trabalha em três hospitais da cidade de Gaza e da província de Gaza Norte, que descreveram cenas de horror indescritível
Uma série de ataques israelitas em toda a Faixa de Gaza ocupada durante a noite de terça-feira, que matou pelo menos 414 palestinianos, incluindo 174 crianças, e deixou hospitalizadas mais de 550 pessoas, assinalando o fim unilateral da trégua com o Hamas, levaram a secretária-geral da Amnistia Internacional, Agnès Callamard, a afirmar que “este é um dia desesperadamente negro para a humanidade”. E acrescentou: “Israel retomou descaradamente a sua devastadora campanha de bombardeamento em Gaza, matando pelo menos 414 pessoas durante o sono, incluindo pelo menos 100 crianças, e aniquilando novamente famílias inteiras numa questão de horas. Os palestinianos em Gaza – que ainda mal tiveram oportunidade de começar a reconstruir as suas vidas e continuam a debater-se com o trauma dos ataques anteriores de Israel – acordaram uma vez mais para o pesadelo infernal dos bombardeamentos intensos”.
“Israel retomou descaradamente a sua devastadora campanha de bombardeamento em Gaza, matando pelo menos 414 pessoas durante o sono, incluindo pelo menos 100 crianças, e aniquilando novamente famílias inteiras numa questão de horas”
Agnès Callamard
“O genocídio de Israel e os seus ataques aéreos ilegais já causaram um sofrimento humanitário sem precedentes em Gaza. Agora, voltámos à estaca zero. Desde 2 de março, Israel voltou a impor um cerco total a Gaza, impedindo a entrada de toda a ajuda humanitária, medicamentos e fornecimentos comerciais, incluindo combustível e alimentos, em flagrante violação do direito internacional. Israel cortou também o fornecimento de eletricidade à principal central de dessalinização em funcionamento em Gaza. E esta terça-feira os militares israelitas começaram mais uma vez a emitir ordens de ‘evacuação’ em massa, deslocando os palestinianos”.
“Os investigadores da Amnistia Internacional falaram com o pessoal médico que trabalha em três hospitais da cidade de Gaza e da província de Gaza Norte, que descreveram cenas de horror indescritível que começaram nas primeiras horas da manhã de terça-feira. Al-Shifa, outrora o maior complexo médico de Gaza, agora em grande parte destruído por anteriores ataques militares israelitas, tinha apenas três camas para receber os feridos”.
“O hospital Batista Árabe Al-Ahli, na cidade de Gaza – o único hospital com uma unidade de cuidados intensivos a funcionar – foi obrigado a tratar alguns dos 80 feridos que recebeu nos corredores e no pátio do hospital. O hospital indonésio é o único hospital no norte da província de Gaza que mal está a funcionar. Está ainda em processo de reconstrução, na sequência da anterior campanha militar de Israel”.
“A dizimação quase total do sistema de saúde em Gaza, particularmente no norte, e a escassez desesperada de equipamento e material médico, exacerbada pelo cerco ilegal de Israel, significa efetivamente uma sentença de morte para muitos dos que têm ferimentos e doenças graves, incluindo aqueles que, em condições normais, seriam facilmente curáveis. Ao mesmo tempo, as autoridades israelitas continuam a impor restrições extremamente apertadas às evacuações médicas para fora de Gaza”.
“Há uma sentença de morte para muitos dos que têm ferimentos e doenças graves, incluindo aqueles que, em condições normais, seriam facilmente curáveis. “
Agnès Callamard
“O recomeço dos ataques israelitas põe também em risco a vida dos 24 reféns israelitas que se crê estarem vivos. Este é também um golpe cruel para os reféns e os detidos palestinianos, bem como para as suas famílias. Recordamos a todas as partes que os reféns civis e os palestinianos detidos arbitrariamente devem ser libertados”.
“O mundo não pode ficar de braços cruzados e permitir que Israel continue a infligir níveis espantosos de morte e sofrimento aos palestinianos em Gaza. Exortamos todos os Estados a cumprirem as suas obrigações de prevenir e punir o genocídio e a garantirem o respeito pelo direito humanitário internacional, pressionando Israel a pôr termo aos seus ataques e a facilitar a entrada incondicional e sem entraves da ajuda humanitária”.
“Os Estados devem unir-se e exigir o reinício imediato de um cessar-fogo duradouro, o fim do genocídio de Israel contra os palestinianos em Gaza e o desmantelamento do seu sistema de apartheid e de ocupação ilegal do território palestiniano”.