19 Julho 2024

 

  • De 10 a 14 de julho, a Amnistia Internacional – Portugal organizou mais um Encontro de Jovens Ativistas (EJA). O evento decorreu em Albergaria-a-Velha e juntou 50 jovens para celebrar os 50 anos do 25 de Abril e descobrir o que significa defender a liberdade nos dias que correm, em Portugal e no mundo.
  • O programa incluiu momentos em plenário, testemunhos de especialistas, grupos de trabalho e diferentes ações de ativismo.

 

Nestes cinco dias de partilha, ativismo e troca de conhecimentos, os participantes do EJA puderam aprender quais os atuais perigos e desafios impostos a todas as pessoas que procuram usufruir pacificamente do direito de manifestação. Quer em Portugal, quer em vários outros países, este direito tem enfrentado barreiras indevidas, com uma repressão violenta cada vez mais incorporada como resposta. Saber defendê-lo é, por isso, fundamental.

Para esclarecer um pouco mais a campanha Protege a Liberdade, Inês Subtil (coordenadora de investigação da Amnistia Internacional – Portugal) e Catrinel Motoc (coordenadora de campanhas do gabinete regional da Amnistia Internacional para a Europa) alertaram os jovens que se vivem tempos em que é necessário exigir mudança de forma coletiva, lembrando os Estados dos direitos inalienáveis de manifestação e de expressão livre que qualquer pessoa detém.

Para tal, apresentaram as conclusões do relatório europeu Pouco protegido e demasiado restringido: O estado do direito de manifestação em 21 países da Europa, que aborda como os Estados têm estigmatizado, criminalizado e oprimido os manifestantes, recorrendo a meios repressivos para silenciar a dissidência.

Joana Prado, participante de 17 anos e estudante na escola secundária Infanta Dona Maria em Coimbra, ressalva que através desta partilha de conhecimento sobre o direito de manifestação, conseguiu perceber “como é que não as devemos fazer [as manifetações], o que é que elas implicam e pronto, até a legislação”.

Outra participante, Carolina Batista, estudante de Relações Internacionais de 24 anos, destaca que “um dos temas, sendo o direito à manifestação, interessou-me me imenso, foi sempre algo que eu sempre vi na televisão, mas nunca tinha tido muito conhecimento e, na realidade, até tinha algum receio, tendo em conta que tudo aquilo que nós vemos na televisão é sempre bastante agressivo e com uma repressão bastante mal vista sobre quem são os ativistas”.

 

Apresentação de Inês Subtil e Catrinel Motoc, na Casa Diocesana de Nossa Senhora do Socorro

 

Dentro da temática da liberdade de manifestação, o EJA contou ainda com a presença de convidados externos. Jéssica Silva e Sofia Seabra, ambas integrantes do movimento “Fim ao Genocídio, Fim ao Fóssil”, falaram sobre as ocupações em solidariedade com a Palestina e pela justiça climática, assim como todo o trabalho a ser desenvolvido com os estudantes. Por sua vez, o professor António Avelãs Nunes trouxe uma visão daquilo que era o contexto e os movimentos antes do 25 de Abril, detalhando as lutas estudantis e a oposição à guerra.

Entre as várias atividades que compõem o EJA, a manhã de dia 13 de julho foi marcada por diversas ações de ativismo no centro de Albergaria-a-Velha. Os jovens organizaram-se em quatro equipas para interagir com a população local, convidando-os a integrar também as atividades.

A manhã de 13 de julho foi marcada por diversas ações de ativismo no centro de Albergaria-a-Velha. Os jovens organizaram-se em quatro equipas para interagir com a população local, convidando-os a integrar também as atividades

Um dos grupos esteve responsável por um mural dividido entre o antes e o depois do 25 de Abril, onde convidava as pessoas a lerem e a colarem afirmações no período temporal devido (acontecimentos ou direitos adquiridos antes de 25 de Abril de 1974 ou em data posterior). Além disso, e tendo em conta que cada um sente a sua liberdade de forma particular, o grupo desafiava ainda as pessoas a escreverem, num outro mural, a sua resposta à pergunta “E para si, o que é a liberdade?”.

Mural com o antes e o depois do 25 de Abril

 

Mural “E para si, o que é a liberdade?”

 

O segundo grupo coloriu o chão em frente ao Cineteatro Alba com mensagens e desenhos que ilustravam a liberdade de expressão e o direito de manifestação, temáticas que foram a base deste EJA. Por entre as frases “Vamos acabar com o estado a que chegámos” de Salgueiro Maia e “O povo é quem mais ordena” de Zeca Afonso, foram pintados cravos gigantes e também a bandeira da Palestina.

René Ferreira, participante de 20 anos, refere que esta foi atividade que mais o marcou no EJA: “Bem, as atividades em que participámos, todas foram incríveis, mas a que eu mais gostei foi quando descemos para a cidade e pintámos e desenhámos situações com base na Liberdade e com a Bandeira da Liberdade

As mensagens desenhadas no chão dentro do tema “A Liberdade como bandeira”

 

O terceiro grupo, numa dinâmica face to face*, procurou abordar as pessoas de Albergaria-a-Velha nas ruas, dando-lhes a conhecer a missão da Amnistia Internacional, explicando o que ali estavam a fazer e convidando-os a assinar petições presentes na revista Agir. Por fim, o quarto grupo, responsável pela vertente digital, acompanhou os restantes, recolhendo testemunhos na rua e gravando imagens. Como resultado final, editaram um vídeo sobre as várias atividades realizadas.

Gustavo Leitão, participante de 20 anos e estudante na universidade portucalense, no Porto, sublinha que falar com a população na ida à cidade foi o mais memorável para si: “fez-nos perceber um bocado sobre mais direitos humanos, […] foi, sem dúvida, a atividade que eu gostei mais de fazer, porque eu gosto de falar com o público, gosto de ouvir opiniões do público”.

De Albergaria-a-Velha, os jovens saem não só com aprendizagens sobre o direito de manifestação, mas com uma noção de como os protestos, ao longo do tempo, tiveram um papel crucial na conquista de direitos e liberdades a que hoje temos acesso. O ativismo é urgente e necessário para que essas conquistas não se percam e para que novas possam surgir.

Durante os cinco dias, foi fundamental o papel da equipa composta por dez jovens ativistas que assumiram o papel de educadores entre pares e que acompanharam os participantes durante o encontro.

 

*estratégia muito utilizada pela equipa da Amnistia Internacional para abordar diretamente as pessoas na rua, dar a conhecer a missão da Amnistia Internacional e angariar novos apoiantes

 

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