Seis homens foram deixados para trás pelas forças de segurança egípcias durante um ataque mortal à comunidade cristã copta em Luxor, no dia 5 de julho, denuncia um novo briefing da Amnistia Internacional. Quatro foram assassinados e um teve de ser hospitalizado.
A violência terá tido na origem o corpo de um muçulmano que foi encontrado nos arredores das casas da comunidade cristã copta. Cerca de 9 horas depois, mais de 100 casas foram atacadas por um grupo armado com facas, barras metálicas, ramos de árvores e martelos.
Mulheres e crianças foram evacuadas de uma das casas pelas forças se segurança, mas seis homens foram deixados para trás na sequência de pedidos feitos pela multidão que conduzia o ataque.
“Beijei as mãos e as pernas de um polícia e implorei-lhe que protegesse os meus dois filhos e os trouxesse para a rua. Ele ignorou e disse que só levava mulheres e crianças. Enterrei os meus dois filhos nesse dia”, referiu uma das testemunhas do ataque.
As forças de segurança no local não fizeram os possíveis para acabar com a violência e não foram enviados reforços. Barsilious, um padre, acrescenta: “O ataque decorreu durante 18 horas e não houve uma porta à qual eu não fosse bater: polícia, líderes locais, forças de segurança, governadores. Nada foi feito”.
Hassiba Hadj Sahraoui, Diretora Adjunta do programa da Amnistia Internacional para o Médio Oriente e Norte de África, considera “escandaloso que se tenha permitido a escalada deste ataque sem que se tenha tentado impedir nada. No passado a Amnistia Internacional documentou que as forças de segurança usaram várias vezes a força de forma excessiva. Neste caso, no entanto, foram contidos, ainda que a vida das pessoas estivesse em risco”.
E continua: “Deve ser feita uma investigação imparcial e independente aos acontecimentos de Luxor. A prolongada violência sectária no Egito é uma mancha irremovível na memória dos sucessivos governos, que têm falhado repetidamente em acabar com os ataques às minorias”.
As investigações já estão em andamento e pelo menos 18 homens estão detidos por acusações de homicídio, tentativa de homicídio, destruição de propriedade e vandalismo. Existem relatos de que alguns terão sido espancados após a detenção pelas forças de segurança.