- “A decisão de Israel de cortar o fornecimento de eletricidade à central de dessalinização de Gaza é cruel e ilegal viola o direito humanitário internacional” — Erika Guevara Rosas
- “A Faixa de Gaza já está a viver uma catástrofe no domínio da água e do saneamento, na sequência dos avassaladores danos e da destruição das infraestruturas de água e de saneamento — Erika Guevara Rosas
As autoridades de Israel cortaram o fornecimento de eletricidade a uma central de dessalinização de água potável na Faixa de Gaza ocupada, uma semana depois de ter bloqueado a entrada de ajuda humanitária vital no território.
“A decisão de Israel de cortar o fornecimento de eletricidade à principal central de dessalinização em funcionamento em Gaza, uma semana depois de ter impedido a entrada de toda a ajuda humanitária e de todos os fornecimentos comerciais, incluindo combustível e alimentos, viola o direito humanitário internacional e constitui mais uma prova do genocídio perpetrado por Israel contra os palestinianos na Faixa de Gaza ocupada”, afirmou Erika Guevara Rosas, diretora sénior da Amnistia Internacional para a Investigação, Política, Advocacia e Campanhas.
“Esta decisão constitui mais uma prova do genocídio perpetrado por Israel contra os palestinianos na Faixa de Gaza ocupada”
Erika Guevara Rosas
Erika Guevara Rosas considerou que “estas ações desumanas e ilegais são uma indicação clara de que Israel prossegue a sua política de impor deliberadamente aos palestinianos de Gaza condições de vida calculadas para provocar a sua destruição física — um ato proibido pela Convenção sobre o Genocídio. São também um lembrete do controlo que Israel tem enquanto potência ocupante, permitindo-lhe ligar e desligar serviços vitais em qualquer momento”.
“Gaza está sob um apagão elétrico desde 11 de outubro de 2023, na sequência da decisão do então ministro da Energia, Israel Katz, de cortar o fornecimento de eletricidade através da Corporação Elétrica Israelita, que é paga pela Autoridade Palestiniana. Este facto obrigou ao encerramento da única central elétrica de Gaza. Em 14 de novembro de 2024, a central de dessalinização do Mar do Sul tornou-se a única instalação em Gaza a ser reconectada à rede elétrica de Israel. A decisão de desligar novamente agora reduzirá a sua capacidade de produção de água potável em 85% – de 18 000 metros cúbicos de água potável por dia para apenas 3 000 – o que terá consequências devastadoras para os civis no centro e no sul de Gaza”, contextualizou a diretora sénior da Amnistia Internacional.
“A decisão de desligar novamente agora o que terá consequências devastadoras para os civis no centro e no sul de Gaza”
Erika Guevara Rosas
“A Faixa de Gaza já está a viver uma catástrofe no domínio da água e do saneamento, na sequência dos avassaladores danos e da destruição das infraestruturas de água e de saneamento devido às operações militares de Israel e ao bloqueio ilegal em curso. O bloqueio total do abastecimento de combustível ameaça também encerrar outras instalações de abastecimento de água, incluindo poços”, afirmou Erika Guevara Rosas.
“Não se pode permitir que Israel utilize a água como arma de guerra. O combustível, os alimentos, os abrigos e outros fornecimentos essenciais para a sobrevivência da população civil são uma questão de vida ou de morte, e não um meio de exercer pressão nas negociações”, acrescentou.
“As autoridades israelitas devem restabelecer imediata e totalmente o fornecimento de eletricidade a Gaza – e não apenas à central de dessalinização”
Erika Guevara Rosas
“As autoridades israelitas devem restabelecer imediata e totalmente o fornecimento de eletricidade a Gaza – e não apenas à central de dessalinização – e permitir aos civis o acesso sem restrições a bens e serviços essenciais. Enquanto potência ocupante, Israel tem a obrigação legal, ao abrigo do direito humanitário internacional, de assegurar, na medida dos meios ao seu dispor, o fornecimento de alimentos, medicamentos e outros bens essenciais à sobrevivência dos civis em Gaza”, concluiu Erika Guevara Rosas.
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