12 Agosto 2011

 

Carentes de serviços essenciais, os povos aborígenes que vivem em comunidades indígenas tradicionais no Território do Norte da Austrália, serão forçados efectivamente a abandonar as suas terras e a mudarem-se para povoações maiores. 
 
O aviso é feito num novo relatório de investigação da Amnistia Internacional, “’The land holds us’: Aboriginal peoples’ rights to traditional homelands”, lançado dia 9 de Agosto. O relatório documenta a forma como os direitos dos povos aborígenes a terras tradicionais, à cultura, ao consentimento informado e à habitação adequada estão a ser enfraquecidos na Austrália.
 
“Essencialmente, o governo está a abandonar um terço da população aborígene do Território do Norte e a permitir que 500 comunidades desapareçam pouco a pouco”, afirmou Claire Mallinson, Directora Nacional da Amnistia Internacional da Austrália.
 
“Os povos aborígenes têm o direito às suas terras tradicionais. Com serviços apropriados como saúde, educação, água e habitação, as pessoas conseguem viver de forma mais saudável e mais realizadas nas suas terras”, afirmou Claire Mallinson. 
 
“Enquanto as populações indígenas de outras partes do mundo enfrentam escavadoras e violência, aqui na Austrália são os clipes de folhas de papel e a política que fazem as mesmas ameaças e trazem algum potencial para a vergonha internacional”.
 
O relatório documenta a actual luta das pessoas que vivem nas suas terras em Utopia, a cerca de 260km a nordeste de Alice Springs – uma comunidade esquecida pelo incentivo do governo dado a 21 ‘Cidades em Crescimento’ no Território do Norte. Foca-se ainda no fraco investimento na habitação destas terras, prevendo que a situação
se agrave. 
 
“Devemos parar isto e manter-nos nas nossas terras. Não se trata de ligação à terra, mas sim de sobrevivência de uma prática cultural que ainda está viva apesar do que passou”, afirmou Rosalie Kunoth-Monks Alyawarr/Anmatyerr anciã das terras de Utopia. 
 
“Não somos menos do que vocês são no vosso país porque na realidade esse país possui-vos”, afirmou Rosalie Kunoth-Monks.  
 
Para além disso, a organização apela à participação total e igual das pessoas directamente afectadas – o povo aborígene que vive nas suas terras – na política do governo.
 
“Estes movimentos fazem parte de uma cadeia de mudanças políticas e legais que enfraqueceram os direitos indígenas. O forte desejo do povo aborígene de sustentar as comunidades nas suas terras tradicionais deve, pelo contrário, ser apoiado pelos governos federal e do Território do Norte”, concluiu Claire Mallinson.

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