9 Julho 2009

A Amnistia Internacional apelou às autoridades em Urumqi para que iniciem de imediato uma investigação independente e imparcial na sequência da morte de 156 pessoas após os protestos se terem tornado violentos.
As autoridades chinesas divulgar o número total das vítimas e dos detidos. Devem libertar imediatamente todos os manifestantes pacíficos que foram detidos. Devem dar início a uma investigação exaustiva que deve culminar num julgamento justo de acordo com os padrões internacionais sem recurso à pena de morte” afirmou Roseann Rife, Vice-Directora do Programa Ásia-Pacífico da Amnistia Internacional.

 Afirmou Roseann Rife ainda que “A violência e os abusos por parte quer das forças de segurança, quer dos civis, não têm qualquer justificação.” 

A Amnistia Internacional instou as autoridades a respeitar as suas obrigações ao abrigo da legislação nacional e internacional de proteger a liberdade de expressão e de reunião pacíficas, proibir a detenção arbitrária e a tortura ou maus-tratos sob custódia. A organização também apelou às autoridades para que permitam o livre acesso dos jornalistas locais e estrangeiros e a observadores independentes para que possam cobrir os incidentes.

 A Xinhua, uma agência noticiosa estatal, relatou que a polícia em Urumqi, capital da Região Autónoma Uighur do Xinjiang (RAUX) e lar de mais de oito milhões de Uighur, prendeu várias centenas de participantes, incluindo mais de dez figuras chave que foram acusadas de instigar a agitação, e ainda está a procurar cerca de mais 90.

 Existem relatos de que os protestos começaram com manifestações não-violentas contra a inacção do governo após um motim violento numa fábrica em Shaoguan, na província de Guangdong, que resultou em duas mortes. A 26 de Junho, centenas de trabalhadores Uighur entram em confronto com milhares de trabalhadores chineses Han numa fábrica onde os Uighur haviam sido recrutados Na RAUX. A polícia terá, alegadamente, detido um homem, um trabalhador despedido da mesma fábrica, que fez circular os rumores que provocaram o confronto mortal. A resposta oficial à violência em Guangdong foi a imposição de um embargo à informação sobre o incidente, tendo os sites e os fóruns de discussão online sido instruídos para apagar toda a informação relativa ao confronto.

 Além de responder ao imediato surto de violência, as autoridades precisam de abordar as questões que estão na origem do aumento da tensão. Desde a década de 80, os Uighur têm sido alvo de violações dos direitos humanos, amplas e sistemáticas. Estas incluem detenção arbitrária e prisão, detenção em regime de incomunicabilidade e sérias restrições à liberdade religiosa, bem como aos direitos culturais e sociais.

 As políticas do governo chinês, incluindo as que limitam o uso de linguagem Uighur, graves restrições à liberdade religiosa, e um sustentado afluxo de migrantes chineses Han para a região, estão a destruir os costumes, e, associado à discriminação a nível de emprego, a alimentar o descontentamento e as tensões étnicas. O governo chinês montou uma campanha agressiva que levou à prisão e detenção arbitrária de milhares de Uighur sob acusações de “terrorismo, separatismo e extremismo religioso” por exercerem pacificamente os seus direitos humanos.

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