Reagindo às conclusões do Conselho Europeu de 20 de março de 2025 sobre a situação em Israel e nos Territórios Palestinianos Ocupados, Eve Geddie, Diretora do Gabinete das Instituições Europeias da Amnistia Internacional, afirmou que, “após 17 meses de genocídio israelita em Gaza, é extraordinário que a União Europeia (EU) se recuse a nomear Israel, a condenar os ataques aéreos que eliminam famílias inteiras ou a condenar o bloqueio de Israel à ajuda humanitária vital. A posição da UE não só não reflete o compromisso declarado da UE para com o direito internacional, como também demonstra uma compaixão seletiva para com as vítimas, especialmente quando estas são palestinianas”.
Segundo Eve Geddie, “o texto dos líderes da UE é mais uma tentativa vergonhosa de justificar o genocídio e os crimes de guerra de Israel contra os palestinianos”. E acrescentou: “Em vez de ofuscar os factos, os líderes da UE devem tomar medidas claras e decisivas para evitar a cumplicidade potencial com o genocídio de Israel em Gaza, o apartheid e a ocupação ilegal. Durante demasiado tempo, a UE esteve dividida quanto à forma de responder ao genocídio de Israel em Gaza, com alguns Estados-Membros a continuarem a enviar armas e munições para Israel, violando as suas obrigações de prevenir o genocídio e de garantir o respeito pelas Convenções de Genebra. Esta situação tem de acabar já”.
“Os líderes da UE devem tomar medidas claras e decisivas para evitar a cumplicidade potencial com o genocídio de Israel em Gaza, o apartheid e a ocupação ilegal”
Eve Geddie
Contexto
Na terça-feira, 18 de março de 2025, Israel retomou a sua devastadora campanha de bombardeamento em Gaza. Desde 2 de março, Israel voltou a impor um cerco total a Gaza, impedindo a entrada de toda a ajuda humanitária, medicamentos e fornecimentos comerciais, incluindo combustível e alimentos, em flagrante violação do direito internacional. Israel cortou também o fornecimento de eletricidade à principal central de dessalinização em funcionamento em Gaza.
Apesar de o Tribunal Internacional de Justiça estabelecer claramente a responsabilidade dos Estados terceiros de impedir o comércio e o investimento que contribuam para a manutenção da ocupação ilegal, a UE continua a negociar com os colonatos israelitas e a investir neles.
Os Estados-Membros da UE também não adotaram quaisquer medidas na sequência das decisões do Tribunal Internacional de Justiça no processo instaurado pela África do Sul por alegadas violações da Convenção sobre o Genocídio, no qual o Tribunal, em janeiro de 2024, considerou que existe um risco plausível de genocídio contra os palestinianos na Faixa de Gaza.
O relatório da Amnistia Internacional “É como se fossemos sub-humanos”: O genocídio de Israel contra os palestinianos em Gaza (disponível em inglês) concluiu que Israel cometeu e continua a cometer genocídio contra os palestinianos na Faixa de Gaza.
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