24 Abril 2015

 

O falhanço dos líderes europeus em acordarem no alargamento da área de ação da operação Tritão mina fatalmente o compromisso assumido por diversos países da União Europeia em fornecerem recursos, navios e meios aéreos para a busca e salvamento no Mediterrâneo, considera a Amnistia Internacional face às decisões saídas da cimeira extraordinária do Conselho Europeu na noite de quinta-feira.

“Aquilo a que assistimos [ontem] em Bruxelas foi uma operação para salvar a cara e não para salvar vidas. Todas as palavras e meios lançados para a resolução deste problema sugerem que os líderes da União Europeia estão a levar a sério a necessidade de salvar as vidas no mar, mas a realidade é que ainda estão a encarar o problema apenas até meio”, sublinha o diretor da Amnistia Internacional para a região da Europa e Ásia Central, John Dalhuisen.

Este perito da organização de direitos humanos avança que “se [os líderes europeus] não fizerem mais esforços, refugiados e migrantes vão continuar a afogar-se e a Europa terá falhado outra vez, e de forma vergonhosa, na resolução da tragédia que está a acontecer às suas portas”. “Se a Tritão não pode ser mudada, então a Tritão não é a solução, sejam quais forem os recursos de que dotarem a operação”, remata.

O anúncio de um aumento do financiamento e dos meios das já existentes operações de vigilância de fronteiras da União Europeia – em que se inclui a operação Tritão – foi feito na noite de quinta-feira, 23 de abril, no final da cimeira de urgência em Bruxelas, convocada face à crise de perda de vidas no Mediterrâneo.

E este anunciado triplicar do financiamento da Tritão não vai dar resposta às reais necessidades de uma operação humanitária em larga escala de operações de busca e salvamento no mar Mediterrâneo, a não ser que a área de ação das mesmas seja alargada para a zona de mar alto onde a maior parte das mortes ocorrem.
 

A Amnistia Internacional tem em curso desde 20 de março de 2014 a campanha “SOS Europa, as pessoas acima das fronteiras“, iniciativa de pressão a nível global para que a UE mude as políticas de migração e asilo, no sentido de minorar os riscos de vida que migrantes, refugiados e candidatos a asilo correm para chegarem à Europa, e garantir que estas pessoas sejam tratadas com dignidade à chegada às fronteiras europeias. Aja connosco! Inste os líderes europeus a porem as pessoas acima das fronteiras, assine a petição.

 

Artigos Relacionados