14 Março 2013

Os desenvolvimentos da situação de instabilidade na Síria têm vindo a ser acompanhados pela Amnistia Internacional, que divulga agora mais dois relatórios nos quais denuncia várias violações dos direitos humanos por parte das forças governamentais, apoiantes do Presidente Bashar al-Assad, e por parte dos grupos rebeldes que formam a oposição.

 
É necessário apelar à ONU para que sejam implementadas medidas urgentes, de forma a pôr fim aos crimes de guerra cometidos pelas duas partes que lutam no conflito armado que teve início na Síria há dois anos e já desalojou cerca de dois milhões de pessoas.
 
Em investigações no terreno, a Amnistia Internacional observou que as forças governamentais continuam a bombardear civis indiscriminadamente, levando a cabo execuções extrajudiciais, tortura e desaparecimentos forçados. Simultaneamente, regista-se uma escalada de violência e abusos dos direitos humanos por parte da oposição, que também tem tomado reféns e cometido execuções sumárias de soldados. 
 
Estas situações são expostas nos briefings “Syria: summary killings and other abuses by armed opposition groups” e “Syria: government bombs rain on civilians”, recentemente divulgados.
 

Crianças expostas a violência extrema

Em declarações à Amnistia Internacional, um sobrevivente de um ataque das forças governamentais testemunha: “Foram todos mortos. Porquê bombardear crianças?”, pergunta, referindo-se a cinco familiares com menos de 8 anos que perderam a vida. Numa altura em que se discute o Tratado de Comercio de Armas na ONU, o governo sírio continua a usar armas internacionalmente banidas em ataques contra civis.  
 
“Estas crianças estão a ser mortas e mutiladas em bombardeamentos levados a cabo pelas forças do governo. Muitos viram os seus pais, irmãos e vizinhos serem assassinados. Estão a crescer expostos a horrores inimagináveis”, refere Ann Harrison, vice-diretora do programa da Amnistia Internacional para o Médio Oriente e Norte de África.
 
Entretanto, numa situação captada em vídeo, um rapaz entre 12 a 14 anos assassina um coronel com uma faca enquanto é aplaudido pelos membros do grupo armado da oposição. Em Damasco, testemunhas afirmam a existência de um “buraco da morte”, onde alegadamente os rebeldes colocam  os corpos de combatentes pró-governamentais e suspeitos de serem informadores. 
 
“A cada hora que passa, com a indecisão da comunidade internacional, surge uma nova ameaça mortal. Quantos civis têm de morrer para o Conselho de Segurança da ONU tomar medidas?”, questiona Ann Harrison.

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