19 Novembro 2013

Até ao final desta semana, a ativista cambojana Yorm Bopha saberá que futuro lhe será ditado pelo tribunal de recurso que julga o caso que a levou à prisão em 2012. Antes dessa audiência, marcada para a próxima sexta-feira, a Amnistia Internacional lançou uma campanha global em defesa da sua libertação imediata.

“Yorm Bopha é uma prisioneira de consciência que está atrás das grades apenas por ser uma ativista de direitos humanos. Ela tem de ser libertada imediatamente e incondicionalmente”, frisa a vice-diretora da amnistia Internacional para a Ásia-Pacífico, Isabelle Arradon. A vaga de apoio à ativista pelo direito à habitação envolve já “milhares de membros e apoiantes [da Amnistia Internacional] em todo o mundo”, instando as autoridades do Camboja a libertar Bopha.

Esta ativista de 30 anos, e mãe de um rapazinho de dez, foi detida em Setembro de 2012 e acusada de ter planeado um ataque contra dois homens. Foi condenada em Dezembro desse mesmo ano, a três anos de prisão, pelo crime de “violência intencional com circunstâncias agravantes”, apesar de não serem apresentadas em juízo quaisquer provas contra ela e os testemunhos serem conflituosos.

Em Junho passado, o Tribunal de Recurso cambojano confirmou a sentença antes proferida, de três anos de prisão com um ano de pena suspensa – o que significa que ficaria presa até setembro de 2014.

A Amnistia Internacional entende que a verdadeira razão para o julgamento e condenação de Yorm Bopha se prende às suas atividades de ativismo pelos direitos humanos. Antes da sua detenção, ela defendia com manifestações pacíficas os direitos de propriedade e à habitação da comunidade a que pertence, no Lago Boeung Kak, na capital do país, Phnom Penh – onde milhares de pessoas têm sido forçadas a abandonar as suas casas desde 2007, devido ao um projeto de desenvolvimento imobiliário que fez o assoreamento do lago, levando à inundação e destruição das habitações em redor.

Yorm Bopha teve também um papel essencial na campanha daquela comunidade a favor da libertação de 13 outras mulheres ativistas, as quais foram condenadas e presas em Maio de 2012, depois de terem participado numa das manifestações contra a destruição da comunidade do Lago Boeung Kak.

Agir até à libertação

“Vamos continuar a fazer campanha pelo caso de Yorm Bopha até que ela seja libertada e se reúna à sua família e comunidade”, garante Isabelle Arradon. “A falta de provas contra ela sugere que as autoridades cambojanas a tornaram num alvo de forma injusta”, prossegue.

O caso de Yorm Bopha é um dos 12 casos escolhidos pela Amnistia Internacional para a campanha da Maratona de Cartas de 2013, uma das maiores iniciativas globais de direitos humanos. Esta campanha estará em marcha até meados de dezembro próximo, havendo a expetativa de envolver mais de dois milhões de ações individuais por todo o mundo.

Membros e apoiantes da Amnistia Internacional em quase 40 países – incluindo Portugal, que se foca em quarto daqueles 12 casos – estão já a participar com a assinatura de petições a instar a o Governo do Camboja a libertar Yorm Bopha. Nestes últimos dias até a nova audiência de recurso, sexta-feira, 22 de novembro, é crucial que a participação nesta petição honre a recusa da ativista de ficar em silêncio, apesar dos riscos que sabia ter pela frente.

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