6 Dezembro 2013

 

A Amnistia Internacional Portugal presta tributo a um dos mais visionários líderes em todo o mundo na luta pela defesa e promoção dos direitos humanos: Nelson Mandela.

A morte de Nelson Mandela é uma perda não apenas para a África do Sul. É uma perda para as pessoas em todo o mundo que lutam pela liberdade, pela justiça e pelo fim da discriminação.

A vida de batalha política e de sacrifício de Nelson Mandela constitui um exemplo para milhares de pessoas no mundo inteiro. A sua dignidade face às pressões, a coragem e integridade, e o seu compromisso firme com o perdão em vez de com a vingança e o ódio, foram extraordinários.

“Era notável como nos sentíamos na presença de alguém excecional”, frisa Louis Blom-Cooper, o qual esteve envolvido na fundação da Amnistia Internacional no início da década de 1960 e presenciou o longo julgamento de Mandela e de outros líderes do movimento anti-apartheid acusados de traição, em 1961. “Estar frente a ele, ouvi-lo, sentia-se com toda a clareza que estávamos perante alguém notável que, um dia, se tornaria num muito importante cidadão da África do Sul”, recorda.

Nelson Mandela tinha “uma expressão muito atrativa e quando falava connosco fazia-nos sentir que a pessoa mais importante naquele momento éramos nós, e não ele”, aponta ainda Blom-Cooper.

“Como um líder mundial que sempre se recusou a aceitar a injustiça, com a sua coragem, Nelson Mandela ajudou a mudar o mundo. A sua morte deixa um vazio imenso, não só na África do Sul mas no mundo inteiro”, sublinha o secretário-geral da Amnistia Internacional, Salil Shetty. “O empenho de Nelson Mandela na defesa dos direitos humanos tem a sua suma na determinação inabalável com que lutou contra as desigualdades raciais durante o regime de apartheid, a que se seguiu o trabalho crucial que fez no combate à VIH/Sida na África do Sul. O seu legado por toda a África, e por todo o mundo, perdurará por muitas gerações”, junta Salil Shetty.

Embaixador de Consciência

Nos anos que se seguiram à sua presidência, a forma franca e determinada com que defendeu os milhões de pessoas com VIH/Sida, sobretudo na África Subsariana, incluindo a África do Sul, mostrou bem como o tempo não esmorecera a sua paixão em jamais deixar cair, nunca comprometer, a dignidade humana, o direito à igualdade de oportunidades e o acesso à justiça.

A persistência com que batalhou por estas questões de direitos humanos ajudou a garantir que as condições em que viviam as pessoas com VIH/Sida se mantinham no topo das preocupações urgentes da comunidade global.

Em novembro de 2006, a Amnistia Internacional declarou Nelson Mandela Embaixador de Consciência, em reconhecimento pelo trabalho feito ao longo de anos na luta contra as violações dos direitos humanos no seu país e no mundo

Ao aceitar o prémio, Mandela afirmou: “Como a Amnistia Internacional, tenho lutado pela justiça e pelos direitos humanos, há muitos longos anos. Retirei-me agora da vida pública, mas enquanto houver injustiça e desigualdades no mundo, nenhum de nós pode verdadeiramente descansar. Temos de continuar a ser fortes”. “Através do trabalho da Fundação Nelson Mandela, do Fundo Nelson Mandela para as Crianças e da Fundação Mandela Rhodes, continuo a minha batalha pelos direitos humanos”, sublinhou, agradecendo ainda com extrema elegância a contribuição da Amnistia Internacional na luta pelos direitos humanos.

Naquela ocasião, a Amnistia Internacional ofereceu a Nelson Mandela cinco grossos volumes de relatórios e campanhas sobre as violações de direitos humanos na África do Sul desenvolvidas pela organização entre a década de 1960 e 1994 – quatro anos após a sua libertação da prisão, ao fim de 27 anos de encarceramento.

Dívida de gratidão

Nelson Mandela foi vítima de uma colossal injustiça, julgado e condenado num regime de apartheid fundado em racismo e onde jamais lhe foi dada a hipótese de ter um julgamento justo.

Em 1978, num relatório da Amnistia Internacional sobre os prisioneiros políticos na África do Sul era sublinhado que “enquanto o apartheid persistir jamais poderá existir qualquer estrutura que respeite e garanta os valores e princípios de direitos humanos”.

“Nelson Mandela foi um prisioneiro político, detido também por questões de consciência. Foi um homem que compreendia como a exclusão de grupos destrói o tecido social de um país ao criar políticas fomentadoras de desigualdades. O movimento de direitos humanos no mundo inteiro tem para com Nelson Mandela uma dívida de gratidão. Todos nós, que o admirávamos, temos de continuar a sua luta”, encoraja o secretário-geral da Amnistia Internacional.

 

Tributo em vídeo a Nelson Mandela: http://bit.ly/NelsonMandelaTributo

Mandela Memorial, o website da Amnistia Internacional em homenagem a Nelson Mandela: http://www.mandelamemorial.com/

 

 

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