5 Fevereiro 2025

 

  • “As declarações do Presidente Trump apelando à transferência forçada de palestinianos da Faixa de Gaza ocupada devem ser inequivocamente e amplamente condenadas” — Agnès Callamard
  • Qualquer plano para deportar à força palestinianos para fora do território ocupado contra a sua vontade é um crime de guerra” — Agnès Callamard

O Presidente americano, Donald Trump, disse que os Estados Unidos da América vão “apoderar-se da Faixa de Gaza”, defendendo novamente a transferência forçada de cerca de dois milhões de palestinianos de Gaza para os países vizinhos.

“As declarações do Presidente Trump apelando à transferência forçada de palestinianos da Faixa de Gaza ocupada devem ser inequivocamente e amplamente condenadas. A sua linguagem é inflamatória, ultrajante e vergonhosa, e a sua proposta constitui uma violação flagrante do direito internacional”, reagiu a secretária-geral da Amnistia Internacional, Agnès Callamard.

“Qualquer plano para deportar à força palestinianos para fora do território ocupado contra a sua vontade é um crime de guerra e, quando cometido como parte de um ataque generalizado ou sistemático à população civil, constituiria um crime contra a humanidade”, afirmou.

“Palestinianos já foram repetidamente desenraizados e despojados por Israel e viram negado o seu direito de regresso”

Agnès Callamard

“Os comentários do Presidente Trump desumanizam perigosamente os palestinianos, que nos últimos 16 meses têm sido vítimas do genocídio de Israel em Gaza e que há décadas vivem sob ocupação ilegal e apartheid. A maior parte dos palestinianos de Gaza são descendentes e sobreviventes da Nakba de 1948, já foram repetidamente desenraizados e despojados por Israel e viram negado o seu direito de regresso, mas continuam a lutar para permanecer nas suas terras e defender os seus direitos humanos”, acrescentou a secretária-geral da Amnistia Internacional.

 

Aumento alarmante de mortes ilícitas na Cisjordânia

Para Agnès Callamard, “o genocídio de Israel em Gaza, nomeadamente através de mortes ilícitas, ferimentos e a imposição deliberada de condições de vida calculadas para provocar a sua destruição física, tem sido acompanhado por um aumento alarmante de mortes ilícitas na Cisjordânia ocupada, violência de colonos apoiada pelo Estado, confiscação maciça de terras e detenções arbitrárias, desaparecimentos forçados, tortura e outros maus-tratos de palestinianos em todo o Território Palestiniano Ocupado e em Israel”.

Lembrando que “o Presidente Trump referiu-se repetidamente à destruição, às mortes e às condições de vida inabitáveis em Gaza, chamando-lhe “local de demolição”, enquanto estava sentado ao lado do primeiro-ministro israelita Netanyahu”, a responsável da Amnistia Internacional afirmou que Donald Trump “não mencionou a responsabilidade do Governo israelita por causar esta devastação. Também não reconheceu o papel do Governo dos EUA no fornecimento de armas que têm sido repetidamente utilizadas para levar a cabo ataques mortais e ilegais em Gaza”.

“É mais importante do que nunca que o resto da comunidade internacional rejeite categoricamente estas propostas e acelere os esforços diplomáticos, em conformidade com o direito internacional”

Agnès Callamard

“Perante as perigosas ameaças do Presidente Trump, é mais importante do que nunca que o resto da comunidade internacional rejeite categoricamente estas propostas e acelere os esforços diplomáticos, em conformidade com o direito internacional, para pôr fim à ocupação ilegal de Israel, desmantelar o apartheid e defender os direitos humanos de palestinianos e israelitas. A história tem demonstrado abundantemente que a marginalização do direito internacional por razões de conveniência política é uma receita para a perpetuação das violações”, disse ainda Agnès Callamard.

“A Amnistia Internacional adverte também contra a utilização abusiva da ajuda humanitária e da reconstrução, desesperadamente necessárias, como moeda de troca ou como meio de coagir os palestinianos de Gaza a partir. Nenhum Estado tem o direito de tratar uma população protegida que vive sob ocupação como peões num jogo de xadrez geopolítico”, concluiu.

 

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