14 Maio 2024

 

Esta é a hora de as armas se silenciarem. Escreva aos seus deputados e deputadas, peça-lhes que se comprometam com soluções de que conduzam à Paz.

 

A Amnistia Internacional Portugal lança uma nova campanha pelo cessar-fogo na Faixa de Gaza, cuja urgência cresce a cada dia. A intensificação da guerra entre as autoridades israelitas e o Hamas e outros grupos armados tem tido um impacto devastador na população civil, que soma já mais de 35.000 vítimas mortais, entre as quais, pelo menos 15.000 crianças.

A secção portuguesa da organização desafia todas as pessoas a escreverem cartas aos deputados e deputadas eleitos pelo seu círculo eleitoral, exigindo-lhes que trabalhem a uma só voz por um cessar-fogo imediato por todas as partes, a fim de libertar os reféns e pôr termo ao sofrimento e mortes de civis. A carta a enviar a cada deputado e deputada pode ser encontrada no link do final do artigo.

Ao preencher o formulário, com a indicação do distrito onde se exerce o direito de voto, a carta é enviada para os respetivos deputados/deputadas desse distrito. O apelo é simples: para que se empenhem e atuem enquanto deputado/a da Nação, desenvolvendo todos os esforços no Parlamento, junto do Governo da República Portuguesa, e por todos os meios ao seu dispor, com fim a alcançar um cessar-fogo duradouro na Faixa de Gaza.

“Esta campanha intensifica aquele que tem sido o nosso principal apelo: o cessar-fogo. Pela evidência de destruição que temos visto, pelos números de feridos e mortos que se somam a cada dia, pela ajuda humanitária a conta-gotas, e pela escassez de comida e material médico, sabemos que o caminho para a paz se faz pela via do cessar-fogo. Não há outro atalho possível. É por isso que queremos envolver todas as pessoas neste apelo, incentivando-as a escrever aos deputados e deputadas dos vários círculos eleitorais, para que, também eles, sejam desafiados a tornar este apelo parte integrante do seu trabalho e conversações”, destaca Pedro A. Neto, diretor executivo da Amnistia Internacional Portugal.

“É por isso que queremos envolver todas as pessoas neste apelo, incentivando-as a escrever aos deputados e deputadas dos vários círculos eleitorais, para que, também eles, sejam desafiados a tornar este apelo parte integrante do seu trabalho e conversações”

Pedro A. Neto

Imagem da campanha: uma mulher palestiniana inspecciona os escombros da sua casa, destruída pelo exército israelita na cidade de Gaza. Fotografia de Omar El Qattaa

 

O cessar-fogo tem sido um apelo constante da Amnistia Internacional. Em março, com o aumento do número de mortes por desnutrição e doença, a Amnistia Internacional reforçou esta preocupação aos governos – juntamente com outras 24 ONG – pedindo também o aumento da ajuda humanitária por via terrestre.

Durante meses, as pessoas na Faixa de Gaza têm enfrentado uma situação de fome crítica. De acordo com a Classificação Integrada das Fases de Segurança Alimentar e Nutricional (IPC – Integrated Food Security Phase Classification), a situação de fome que vivem as pessoas naquela região atingiu a maior proporção alguma vez registada numa população em crise de segurança alimentar. Há meses que as famílias bebem água que não é potável, passando também dias seguidos sem comida. O sistema de saúde entrou em colapso total devido a surtos de doenças e ferimentos graves provocados pelos constantes bombardeamentos. A severa desnutrição, a desidratação e outras doenças relacionadas têm também provocado mortes. Em março, as Nações Unidas (ONU) também divulgaram que, no Norte da Faixa de Gaza, uma em cada seis crianças com menos de dois anos sofria de subnutrição aguda. Sem um cessar-fogo, e caso o acesso humanitário continue a ser interdito pelas autoridades israelitas, seguir-se-ão mais mortes por fome e doença.

Em abril, a Amnistia Internacional partilhou o testemunho de um trabalhador da organização na Faixa de Gaza, que detalha a realidade da escassez de alimentos: “Pela primeira vez em seis meses, foi autorizada a entrada de frango congelado em Rafah. Sentimo-nos felizes pelas crianças, mas também mal conseguimos conter as lágrimas: será que conseguimos imaginar que comer frango congelado se tornou um sonho para elas?”

“Pela primeira vez em seis meses, foi autorizada a entrada de frango congelado em Rafah. Será que conseguimos imaginar que comer frango congelado se tornou um sonho para elas [as crianças]?”

trabalhador da Amnistia Internacional na Faixa de Gaza

Este trabalhador também aborda a falta de opção para os civis palestinianos que, nos últimos dias, têm sido pressionados para abandonar Rafah sob a iminência de uma operação terrestre em grande escala por parte de Israel:“Como toda a gente em Rafah, estamos aterrorizados com qualquer invasão terrestre israelita. Para onde é que vamos a seguir? Outra deslocação? Mas não há nenhum sítio na Faixa de Gaza que tenha sido poupado à destruição: destruição em Khan Younis, destruição na área central da Faixa; Rafah – a leste e a oeste – está cheia de pessoas deslocadas internamente, nem sequer se pode lá colocar outra tenda. […] Para onde é que se vai quando não há nenhum sítio seguro?”

“Para onde é que se vai quando não há nenhum sítio seguro?”

trabalhador da Amnistia Internacional na Faixa de Gaza

Sobre a atual situação em Rafah, a Amnistia Internacional relembra que todos os Estados devem pressionar Israel a suspender imediatamente as suas operações terrestres em Rafah e a garantir o acesso sem restrições à ajuda humanitária, em conformidade com as suas obrigações de prevenir o genocídio, tal como reiterado pelo Tribunal Internacional de Justiça a 28 de março de 2024.

Que esta nova campanha da Amnistia Internacional Portugal, de escrita de cartas aos deputados e deputadas portugueses, sirva para reiterar aquela que é uma necessidade fundamental, o cessar-fogo, e incentivar ações que possam conduzir ao fim das atrocidades e da impunidade de longa data.

 

Conheça a campanha e escreva a sua carta

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