10 Agosto 2015

Uma rara boa notícia chegou da Síria com a libertação do defensor de direitos humanos Mazen Darwish, esta segunda-feira, 10 de agosto, tendo chegado ao fim a clausura e sofrimento que sofreu ao longo dos últimos três anos e meio, durante os quais foi mesmo torturado sob detenção.

Diretor do Centro Sírio para os Media e Liberdade de Expressão, Mazen Darwish foi detido arbitrariamente junto com vários outros ativistas durante uma rusga aos escritórios daquela organização por uma unidade da poderosa agência de serviços secretos síria Diretório da Força Aérea, em Damasco em fevereiro de 2012. Mazen Darwish, que foi visado com acusações forjadas ligadas a atos de terrorismo, é o último daquele grupo a ser liberto, depois de Hani al-Zitani e Hussein Gharir já terem sido postos em liberdade no mês passado. Todos foram libertos condicionalmente.

“Mazen Darwish e os outros [membros do Centro Sírio para os Media e Liberdade de Expressão] nem sequer deviam ter sido detidos. A sua libertação agora é há muito devida, e chega como um bem-vindo alívio ao fim de três anos e meio de incertezas e angústias”, frisa o diretor interino da Amnistia Internacional para a região do Médio Oriente e Norte de Áfria, Said Boumedouha. “As autoridades sírias têm de anular todas as acusações contra Mazen e os outros ativistas e pôr fim à incansável campanha que levam a cabo contra quem quer que seja que ouse falar sobre as chocantes violações de direitos humanos que acontecem no país”, prossegue o perito.

Em fevereiro de 2013, um ano após as detenções, aqueles três ativistas e mais dois outros membros do Centro Sírio para os Media e Liberdade de Expressão foram acusados de “publicitar atos de terrorismo” no Tribunal sírio especial de Antiterrorismo. Todos continuam a ser julgados, estando a próxima audiência agendada para 30 de agosto. A organização de que fazem parte trabalha para documentar violações de direitos humanos na Síria, em especial no que toca à liberdade de expressão.

Mazen Darwish, Hani al-Zitani e Hussein Gharir estiveram detidos ao longo de nove meses em circunstâncias que configuram desaparecimentos forçados e, durante esse período, foram submetidos a tortura e outros maus-tratos, antes de serem transferidos para a Prisão Adra, nos arredores para norte de Damasco.

O Grupo de Trabalho das Nações Unidas sobre a Detenção Arbitrária instou as autoridades sírias a libertarem estes defensores de direitos humanos em janeiro de 2014, tal como antes já o fizera a Assembleia Geral da ONU numa resolução aprovada em maio de 2013. Também o Conselho de Segurança das Nações Unidas sustentou que todas as pessoas detidas arbitrariamente na Síria tinham de ser libertas, na resolução 2139, de fevereiro de 2014.

 

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