20 Fevereiro 2015

O blogger e ativista saudita Raif Badawi, condenado a dez anos de prisão e mil chicotadas na Arábia Saudita, voltou a não ser flagelado esta sexta-feira, 20 de fevereiro, tendo a Amnistia Internacional apurado que, à semelhança das últimas três semanas, não foi também observado por médicos. Raif Badawi está já há mil dias na prisão apenas por exercer o direito de liberdade de expressão.

A Amnistia Internacional mantém uma aguerrida campanha em defesa da libertação deste prisioneiro de consciência saudita, condenado em maio de 2014 pelo Tribunal Penal de Jidá a dez anos de prisão, mil chicotadas, multa de um milhão de riais (cerca de 225 mil euros), proibição de sair da Arábia Saudita e de ser citado nos órgãos de comunicação social ou quaisquer outros media durante uma década após cumprir a pena de prisão.

As autoridades sauditas consideram que o blogger, fundador do fórum de debate político e social “Liberais Sauditas”, “insultou o Islão” e “pôs em risco a ordem pública e ridicularizou personalidades islâmicas”.

A 9 de janeiro passado, Raif Badawi foi submetido às primeiras 50 das mil chicotadas a que fora condenado, tendo as subsequentes (mais 50 a cada sexta-feira ao longo de 20 semanas) sido suspensas pelas autoridades, inicialmente segundo recomendação médica que avaliou que o blogger não se encontrava em condições físicas para suportar nova flagelação.

O seu caso foi entretanto reenviado pelo Supremo Tribunal para o Tribunal Penal, mas não foram dadas quaisquer outras informações pelas autoridades sauditas. A organização de direitos humanos apurou ainda que o blogger será chamado a audiência naquela instância para ser informado da decisão do Supremo, não havendo ainda porém indicação da data em que essa sessão ocorrerá.

A Amnistia Internacional Portugal organizou no passado 11 de fevereiro, uma vigília em frente à embaixada da Arábia Saudita, em Lisboa, para apelar à libertação imediata e incondicional de Raif Badawi. Só em Portugal, mais de 18.879 mil pessoas já assinaram a petição pela sua libertação, num total de mais de um milhão e 117 mil pessoas em todo o mundo. A organização de direitos humanos insta também as autoridades sauditas a porem um fim definitivo à cruel e desumana punição corporal de mil chicotadas a que o blogger foi condenado.

Na semana passada também o Parlamento Europeu se insurgiu contra a condenação e sentença formulada contra Raid Badawi, tendo aprovado a 12 de fevereiro uma resolução que critica fortemente a condenação de flagelação de Raif Badawi como uma punição “cruel e chocante” por parte das autoridades sauditas – e as quais são instadas a porem um fim em definitivo às chicotadas e a libertarem imediatamente e de forma incondicional o blogger, reconhecido como um prisioneiro de consciência detido e condenado apenas por exercer o seu direito de liberdade de expressão.

 

A Amnistia Internacional tem uma petição ativa a favor da libertação de Raif Badawi, apelando também ao rei saudita para que suspenda prontamente a execução da flagelação do ativista: assine!

 

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