24 Janeiro 2021

No Dia Internacional da Educação, a Amnistia Internacional Portugal lembra que um mundo onde todas as pessoas possam usufruir em pleno dos direitos humanos também passa pela… educação! É por isso que a organização desenvolve um amplo trabalho que vai desde a produção de manuais à organização de cursos e dinamização de sessões em escolas. Nesta última área, o objetivo é claro: promover a Educação para os Direitos Humanos e criar condições para que esta possa ser transposta para dentro e fora das comunidades educativas, contribuindo ainda para o ativismo.

“Graças às propostas de ativismo que lançamos com regularidade, bem como à iniciativa de docentes e estudantes, conseguimos que as escolas sejam um espaço de aprendizagem e de ação para os direitos humanos”

Matia Losego, diretor de Juventude e Educação para os Direitos Humanos da Amnistia Internacional Portugal

“Uma sessão é uma semente e, como tal, precisa de cuidados uma vez plantada. Graças às propostas de ativismo que lançamos com regularidade, bem como à iniciativa de docentes e estudantes, conseguimos que as escolas sejam um espaço de aprendizagem e de ação para os direitos humanos”, partilha o diretor de Juventude e Educação para os Direitos Humanos da Amnistia Internacional Portugal, Matia Losego.

Mais do que nunca, o mundo precisa de esperança e a resposta pode estar na Educação para os Direitos Humanos, já que é através desta que se desenvolvem conhecimentos, capacidades e atitudes que nos permitem conhecer, exercer e reivindicar os nossos direitos. Mas como aplicá-la?

“Os direitos humanos não são a tabuada ou algo que aprendemos e repetimos. Para compreendê-los e defendê-los são precisos dois passos: questionar-nos e, só depois, podemos utilizá-los para ler o mundo à nossa volta e para agir. O que sentimos nas sessões nas escolas ou em outros espaços educativos é exatamente esta necessidade de nos questionarmos e, em conjunto com outras pessoas, fazer um debate para perceber qual pode ser o nosso contributo”, explica Matia Losego.

“Agir” acaba por ser um verbo recorrente nas sessões. Depois, o desafio passa por levá-lo para o quotidiano, não só na escola, mas também nas relações familiares, de vizinhança e nas diferentes comunidades em que os jovens se inserem. “Os estudantes conseguem ter uma perspetiva crítica sobre o que acontece no mundo, desde a crise climática, até a casos de racismo e discriminação. Através das suas redes, conseguem agir por um mundo mais livre e justo”, garante o responsável da Amnistia Internacional.

ABC da Educação para os Direitos Humanos

A Educação para os Direitos Humanos segue três grandes pilares: é sobre direitos humanos, pois são o conteúdo principal, é para os direitos humanos, porque convida à ação concreta para os defender, e, quer a educação, quer a ação que esta desbloqueia, acontece através dos direitos humanos, numa perspetiva coerente com os seus princípios.

“Os direitos humanos podem ser um guia nas nossas ações e decisões do dia-a-dia, nas nossas relações interpessoais, nos produtos que consumimos e em todas as restantes dimensões da nossa vida”

Matia Losego, diretor de Juventude e Educação para os Direitos Humanos da Amnistia Internacional Portugal

“A partir daqui a mudança acontece em duas dimensões. Por um lado, os direitos humanos podem ser um guia nas nossas ações e decisões do dia-a-dia, nas nossas relações interpessoais, nos produtos que consumimos e em todas as restantes dimensões da nossa vida. Por outro lado, partindo da perspetiva dos direitos humanos, cada uma e cada um de nós pode educar para os direitos humanos, envolvendo outras pessoas no debate e no ativismo. As redes sociais são um exemplo claro disto. Mesmo sem sermos influencers, podemos utilizar a nossa voz para disseminar a mensagem dos direitos humanos e da esperança”, aponta Matia Losego.

O projeto “Escolas Amigas dos Direitos Humanos” da Amnistia Internacional Portugal, estendido a dez escolas desde 2020, enfrentou grandes desafios devido à pandemia. Sem aulas presenciais durante uma parte do último ano letivo, foram encontradas alternativas para que a semente dos direitos humanos não parasse de crescer.

“Com o contributo de docentes, estudantes e direções das novas escolas, conseguimos criar um grupo de trabalho em cada escola, dar a conhecer o projeto e começar a recolha de dados para perceber qual é a perceção dos direitos humanos de todas as pessoas que ali estudam e trabalham. As novas escolas também se juntaram às restantes nas atividades comuns do projeto e nas propostas de ativismo para os direitos humanos da Amnistia Internacional, como a Maratona de Cartas”, exemplifica Matia Losego, que vê no maior evento de ativismo da organização uma oportunidade única de ação. A história por detrás de cada caso leva as pessoas a pesquisar e debater mais sobre direitos humanos.

“Muitas vezes, torna-as também ativistas e multiplicadoras, fazendo chegar a Maratona de Cartas às pessoas das suas redes”, nota o responsável.

Matia Losego explica que a Maratona de Cartas junta duas dimensões centrais do trabalho da Amnistia Internacional: “Trabalha questões de direitos humanos, dando-lhe um nome e uma cara, lutando por um caso concreto, de forma a conseguirmos mudar a vida destas pessoas e de todas as outras em situações parecidas. Além disso, dá asas ao potencial de um movimento global, que junta milhares de pessoas numa mesma causa. Como sabemos, funciona, salva vidas e protege os direitos humanos em todo o mundo”.

A atual edição da Maratona de Cartas termina já no próximo dia 31 de janeiro. Conheça os seis casos que estamos a defender, assine e partilhe nas suas redes!

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Academia Amnistia

Atualmente, a Academia Amnistia disponibiliza, em formato e-learning, cursos autogeridos e gratuitos e, cursos certificados para pessoas adultas, docentes e educadores. Todos exploram os direitos humanos e convidam a agir na sua defesa.

“Fazemos chegar a Educação para os Direitos Humanos ainda mais longe, cruzando-a com a formação profissional e formando educadores em todo o país. Atualmente, a Amnistia Internacional é uma das poucas entidades formadoras certificadas”

Matia Losego, diretor de Juventude e Educação para os Direitos Humanos da Amnistia Internacional Portugal

A oferta formativa, que resulta de uma análise às necessidades existentes e ao potencial que a organização tem enquanto movimento global, envolveu mais de 400 pessoas em 2020. “Fazemos chegar a Educação para os Direitos Humanos ainda mais longe, cruzando-a com a formação profissional e formando educadores em todo o país. Atualmente, a Amnistia Internacional é uma das poucas entidades formadoras certificadas que centra a sua oferta formativa nos direitos humanos”, realça Matia Losego.

O plano de formação para 2021 inclui novos cursos, sobre temas específicos ligados às campanhas da Amnistia Internacional, bem como a abertura de turmas para os cursos já existentes, de forma a responder à procura registada no segundo semestre do último ano.

Paralelamente, continuam disponíveis os manuais educativos da Amnistia Internacional e 18 atividades educativas, dirigidas a todos os públicos, desde crianças do pré-escolar até adultos, que podem ser realizadas em casa, de forma autónoma. No caso das atividades, a ideia surgiu durante a primeira fase de confinamento, em março do ano passado, mantendo-se acessível de forma gratuita.

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