31 Outubro 2013

A comunidade internacional tem obrigação de ajudar a Jordânia para que o país ponha fim às restrições fronteiriças que está a impor aos refugiados do conflito na Síria, alerta a Amnistia Internacional em novo relatório divulgado esta quinta-feira.

“É necessário agir prontamente para intensificar a ajuda humanitária internacional e os programas de realojamento [dos refugiados] de forma a evitar o agravamento desta crise. A comunidade internacional tem um papel essencial na prestação de assistência aos países na região que, até agora, têm assumido o fardo de acolher os refugiados da Síria dispondo de recursos mínimos”, sublinha o Diretor da Amnistia Internacional para o Médio Oriente e Norte de África, Philip Luther.

O relatório “Growing restrictions, tough conditions: The plight of those fleeing Syria to Jordan” confirma as cada vez maiores dificuldades que as pessoas enfrentam ao tentarem fugir do conflito sírio em direção à Jordânia, assim como para outros países vizinhos e na região (sobretudo para o Líbano, Turquia, Iraque e Egito).

Muitas acabaram por ser deportadas de volta para a Síria, sendo-lhes negada passagem nas fronteiras. “Muitas destas pessoas, incluindo famílias com crianças pequenas, já perderam tudo. A Amnistia Internacional insta os países vizinhos a manterem as suas fronteiras abertas a todos quantos estão a fugir do conflito. E apela à comunidade internacional para intensificar os seus esforços de ajuda a estes países”, frisa ainda Luther.

Mais de dois milhões de pessoas abandonaram a Síria desde o início da repressão e dos combates, há mais de dois anos, espoletando a maior crise humanitária desta década, com um fluxo de refugiados que está a esgotar todos os recursos disponíveis nos países vizinhos. Pelo menos mais 4,25 milhões de pessoas estão deslocadas das suas casas dentro da Síria.

As autoridades jordanas garantiram várias vezes que as suas fronteiras com a Síria estão abertas para todos os que fogem dos combates. E asseveraram à Amnistia Internacional que não deportariam ninguém de regresso à Síria.

 Mas investigações feitas pela Amnistia Internacional revelam que está efetivamente a ser negado acesso a algumas pessoas nas fronteiras jordanas: palestinianos que abandonaram o território sírio, todos quantos não apresentam documentos de identificação, refugiados iraquianos que viviam na Síria e ainda homens que chegam sozinhos à fronteira e que não demonstram ter familiares na Jordânia.

 “Os refugiados do conflito na Síria têm direito a proteção internacional. Devolvê-los à Síria constitui uma clara violação de direitos humanos”, conclui o Diretor da Amnistia Internacional para o Médio Oriente e Norte de África.

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