7 Maio 2015

Passou-se um ano desde o dia em que o saudita Raif Badawi ouviu em tribunal a cruel sentença que lhe foi dada tão só por exercer livremente o direito de expressão: dez anos de prisão e mil chicotadas. A Amnistia Internacional marca esta data, junto com a mulher do blogger e ativista, reiterando o apelo para a sua imediata e incondicional libertação.

“É verdadeiramente trágico que se tenha passado um ano inteiro desde que Raif Badawi recebeu esta sentença cruel e injusta. É totalmente óbvio que ele está a ser castigado por ter ousado exercer o seu direito à liberdade de expressão”, avalia o vice-diretor da Amnistia Internacional para o Médio Oriente e Norte de África, Said Boumedouha.

O perito da organização de direitos humanos frisa que “não é suficiente que as autoridades da Arábia Saudita tenham suspendido as flagelações públicas na tentativa de se escaparem às críticas internacionais e varrerem o caso de Raif Badawi para debaixo do tapete”.

“Enquanto a sentença se mantiver, [Raif Badawi] continua a estar injustamente preso e em risco de ser flagelado, o que põe mais uma mancha no já muito maculado histórico de direitos humanos da Arábia Saudita. É mais do que chegada a altura para esta condenação ser anulada e para as autoridades sauditas o libertarem imediata e incondicionalmente”, sustenta ainda Said Boumedouha.

A mulher de Raif Badawi, Ensaf Haidar, mantém uma campanha incansável em defesa do marido e lançou um apelo emocionado às autoridades sauditas pela sua libertação: “Condenaram há um ano o meu marido a passar dez anos na prisão e a mil chicotadas. Há quatro meses flagelaram-no em público como se ele fosse um reles criminoso. Mas expressar a opinião que se tem não é um crime e, por isso, insto o rei Salman bin Abdulaziz a libertar o meu marido prontamente e a pôr fim ao seu sofrimento”.

Ensaf Haidar disse estar “extremamente grata pelo apoio internacional dado ao caso” do marido, que, crê, “ajudou a salvá-lo de mais chicotadas”. “Porém, a verdade é que esta conquista não chega. Raif continua a definhar na prisão, todos os dias sem saber como será o dia seguinte. Já é tempo para que ele fique livre e se reúna de novo com a família”.

A Amnistia Internacional urge a comunidade internacional e, em particular, os aliados ocidentais da Arábia Saudita a pressionarem as autoridades do país a libertarem Raif Badawi e dezenas de outros prisioneiros de consciência que continuam injustamente presos nas celas do reino.

O blogger e ativista foi flagelado a 9 de janeiro de 2015, tendo então sido sujeito a 50 vergastadas após as orações de sexta-feira numa praça pública da cidade de Jidá – o que provocou uma imediata onda de indignação internacional. Nas duas semanas que se seguiram, a flagelação foi suspensa com base em recomendações médicas. Raif Badawi não voltou mais a ser chicoteado até hoje, e as autoridades não avançam quaisquer informações sobre as razões para esta decisão. O facto permanece que ele continua em risco.

Raif Badawi foi condenado a dez anos de prisão, mil chicotadas e uma multa de um milhão de riais (cerca de 225 mil euros) num tribunal criminal de Jidá, a 7 de maio de 2014, por ter criado um fórum de discussão online aberto ao debate, e onde as autoridades entendem que foi “insultado o Islão”. O blogger é um prisioneiro de consciência da Amnistia Internacional, tendo a organização de direitos humanos lançado uma campanha global em defesa da sua libertação, colhendo para isso o apoio de dezenas de milhares de pessoas no mundo inteiro.

 

Junte-se à petição da Amnistia Internacional, apelando ao rei saudita para que Raif Badawi seja libertado: assine! Ajude também a dar força à campanha pela libertação de Raif Badawi, enviando tweets a quatro entidades sauditas, incluindo o rei Salman, e ao Governo português – todos os detalhes desta ação no Twitter, aqui.

 

 

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