11 Setembro 2014

O discurso à nação feito pelo Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, na noite de quarta-feira, em que foram apresentados os planos da Administração norte-americana de combate ao grupo armado jihadista Estado Islâmico, foi acolhido pela Amnistia Internacional com o alerta para que as políticas adotadas não aumentem ainda mais o sofrimento dos civis no Iraque.

“O grupo armado que se auto denomina Estado Islâmico tem exacerbado gravemente a deterioração dos direitos humanos por todo o Norte do Iraque, mas uma ação precipitada por parte dos decisores políticos norte-americanos poderá aumentar ainda mais o sofrimento dos civis iraquianos e outros na região”, é sublinhado em comunicado divulgado esta quinta-feira, 11 de setembro, no site da Amnistia Internacional Estados Unidos.

O diretor-executivo da AI EUA, Steven W. Hawkins, frisa neste documento que “sem regras firmes bem definidas, seria imprudente por parte dos Estados Unidos e outros países fornecerem ajuda militar a qualquer das partes no conflito”. “O Estado Islâmico cometeu gravíssimos crimes de guerra, mas outras milícias que gozam do apoio do Governo iraquiano também atacaram populações civis, em atos de vingança, e o próprio Exército iraquiano bombardeou áreas residenciais”, prossegue.

“Além disto, a proposta do Presidente Obama de injetar 5 mil milhões de dólares na luta antiterrorismo também comporta o risco de consolidar mais as parcerias dos Estados Unidos com governos repressivos como o da Arábia Saudita, onde as leis antiterrorismo têm sido usadas pelas autoridades para silenciar as críticas pacíficas feitas no país às práticas de direitos humanos”, avança ainda o comunicado.

Steven W. Hawkins sustenta que Obama “tem de assumir publicamente o compromisso de que quaisquer raides aéreos feitos pelos Estados Unidos terão como alvo reais alvos militares, com todas as precauções razoáveis tomadas de forma a evitar mortes e feridos civis”. “Face ao cenário de horrores cometidos pelo Estado Islâmico, as autoridades norte-americanos têm de ponderar e garantir que as políticas seguidas pelos Estados Unidos não vão provocar ainda mais danos aos civis apanhados neste conflito”, argumenta o diretor-executivo da AI EUA.

A organização de direitos humanos frisa ainda que a Administração de Obama deve cumprir escrupulosamente os termos da diretiva presidencial sobre as políticas de fornecimentos de armas dos Estados Unidos que foi delineada em janeiro passado, tendo sempre em conta – tal como a mesma refere – “a probabilidade de o destinatário usar as armas para cometer abusos de direitos humanos ou graves violações das leis internacionais humanitárias, as redirecionar para quem cometa abusos de direitos humanos ou graves violações das leis internacionais humanitárias, ou que os Estados Unidos fiquem ligados a abusos de direitos humanos ou graves violações das leis internacionais humanitárias”.

 

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