5 Janeiro 2015

Portugal iniciou na quinta-feira, 1 de janeiro, o mandato de três anos no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, com o que a Amnistia Internacional se congratula, reiterando o alerta para que sejam concretizados todos os compromissos assumidos pelo país no âmbito da sua candidatura tanto a nível externo como interno.

Já aquando da eleição de Portugal para aquele organismo, em outubro de 2014, a organização de direitos humanos lembrou que o Estado português é parte de várias convenções internacionais, entre elas, do Pacto Internacional sobre os Direitos Económicos, Sociais e Culturais e seu respetivo Protocolo Facultativo, ratificado há mais de um ano, tendo Portugal sido um dos dez primeiros países a fazê-lo. A Amnistia Internacional Portugal sublinhava desde logo a importância da adesão de Portugal aos tratados internacionais, e considerava também que é preciso “passar da teoria à prática” dando concretização efetiva aos textos dos tratados e colmatando as lacunas existentes no que toca à sua implementação concreta em matéria de direitos humanos.

Em comunicado emitido com o início de mandato, o Ministério dos Negócios Estrangeiros português destacou que “Portugal dedicará especial atenção às violações e aos abusos de direitos humanos cometidos em situações de conflito, em particular os perpetrados sobre os grupos mais vulneráveis, pugnando pela responsabilização dos autores destes crimes”. O mesmo documento refere que, a nível interno, o Governo português procurará “uma maior sensibilização e mobilização para as questões dos direitos humanos”, e assume a intenção de manter “o compromisso de abertura e de diálogo com a sociedade civil através da Comissão Nacional de Direitos Humanos”. 

Para a Amnistia Internacional é crucial que, de acordo com os compromissos assumidos no decurso da sua candidatura ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, o Estado português assuma a proteção da universalidade, indivisibilidade, inalienabilidade e interdependência de todos os direitos humanos, quer em matéria de direitos civis e políticos, quer em matéria de direitos económicos, sociais e culturais, dando particular atenção aos direitos humanos das pessoas mais vulneráveis, e devendo contar com a colaboração de todos os atores em matéria de direitos humanos, incluindo os da sociedade civil.

Por fim, a secção portuguesa da Amnistia Internacional insta Portugal a encarar também o seu estatuto como membro do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas como mais uma forma de promover e proteger os direitos humanos noutros países, designadamente nos de língua oficial portuguesa, como Angola e a Guiné Equatorial.

Já no passado mês de setembro, a Amnistia Internacional Portugal reiterara algumas destas preocupações junto do Conselho de Direitos Humanos, no âmbito do processo de Revisão Periódica Universal de Portugal, um dos mais importantes exames em matéria de direitos humanos feitos pelo Estados-membros das Nações Unidas, que inclui também várias formas de participação de organizações da sociedade civil.

 

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