7 Novembro 2013

A persistente recusa das autoridades russas em revelarem para que campo prisional foi transferida Nadezhda Tolokonnikova, membro da banda russa punk Pussy Riot, espelha os esforços que estão a ser feitos para a silenciar, sublinha a Amnistia Internacional.

Crê-se que Nadezhda terá sido levada para um campo de detenção na Sibéria Oriental, quando há já quase quinze dias foi transferida em segredo da prisão onde se encontrava, em Mordóvia, a cumprir uma pena de dois anos. Nadezhda Tolokonnikova foi condenada pelo crime de “hooliganismo por motivos de ódio religioso” , junto com outras duas mulheres que integram as Pussy Riot (uma delas, Ekaterina Samutsevich, acabou por ser libertada após recurso), depois de o grupo ter feito uma performance de protesto contra o Governo numa catedral de Moscovo, em Fevereiro de 2012.

“Nadezhda Tolokonnikova revelou publicamente as ameaças de que tem sido alvo por parte de responsáveis prisionais. Preocupa-nos que ela esteja a ser castigada por isto e por ter denunciado as condições deploráveis que existem nos campos prisionais”, sublinha Denis Krivosheev, vice-director da Amnistia Internacional para a Europa e Ásia Central.

Desconhece-se o paradeiro de Nadezhda desde o passado 22 de outubro, altura em que guardas prisionais de Mordóvia a levaram para a estação de comboios com o objetivo de a transferir para uma outra colónia penal. Um passageiro desse mesmo comboio testemunhou tê-la visto a 24 de outubro à chegada à cidade de Cheliabinsk, nos Montes Urais.

O marido de Nadezhda, Piotr Verzilov, afirmou acreditar que esta decisão de a transferir da prisão de Mordóvia, a uns 445 quilómetros para leste da capital, foi tomada pelas autoridades em Moscovo. “Eles querem isolá-la do mundo”, sustentou.

Verzilov revelou ainda que uma fonte dos serviços administrativos prisionais russos o informou de que a mulher fora “possivelmente transferida” para uma colónia penal na Sibéria. “Se isto for verdade, levá-la para uma prisão a milhares de quilómetros de distância de Moscovo tornará praticamente impossível que os familiares e advogados a possam ver. E isto constitui uma muito grave violação dos direitos humanos e também das leis internas da Rússia”, avalia Denis Krivosheev.

“As autoridades russas têm de dizer à família [de Nadezhda] onde é que ela está e permitir-lhe acesso a um advogado. Ela é uma prisioneira de consciência, a qual jamais deveria ter sido condenada a prisão. Recusar dar informações sobre o seu paradeiro apenas alimenta os rumores do pior cenário possível”, prossegue o vice-director da Amnistia Internacional para a Europa e Ásia Central.

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