4 Outubro 2013

Na semana em que mais de 50 alunos foram mortos por um atirador numa escola agrícola no estado de Yobe, a Amnistia Internacional publica um relatório que avalia os ataques a escolas no norte da Nigéria entre 2012 e 2013.

“Centenas de crianças foram mortas nestes ataques horríveis. Milhares de crianças foram obrigadas a abandonar a escola em várias comunidades no norte da Nigéria e muitos professores foram forçados a fugir em nome da sua segurança”, afirma Lucy Freeman, Diretora Adjunta da Amnistia Internacional para assuntos de África.

De acordo com o relatório “Education under attack in Nigeria”, este ano pelo menos 70 professores e dezenas de alunos foram mortos e muitos outros ficaram feridos. Mais de 50 escolas foram destruídas ou ficaram severamente danificadas e mais de 60 tiveram de encerrar.

Entre 2010 e 2011 os ataques foram maioritariamente levados a cabo quando as escolas estavam vazias. Contudo, desde o início de 2013 que se tornaram mais direcionados e brutais, passando a ocorrer quando as escolas estão ocupadas, alvejando e mantando professores e alunos.

Um dos casos aconteceu numa escola secundária de Maiduguri, em fevereiro de 2013: “um homem armado abriu fogo contra toda a gente. Dois professores foram atingidos. Um morreu no local e o outro ficou gravemente ferido. Ficámos devastados”, conta uma testemunha aos investigadores da Amnistia Internacional. No mês seguinte a escola voltou a ser atacada e três pessoas foram alvejadas e mortas na sala dos exames. “Fomos forçados a fechar a escola e a pedir às crianças que voltassem para casa. Permanecemos encerrados o resto do período”.

 

Proteção e investigação são essenciais

 “Os ataques contra alunos, professores e edifícios escolares demonstram um desrespeito absoluto pelos direitos à vida e à educação”, acusa Lucy Freeman. Apesar da trágica perda de vidas, a Amnistia Internacional não tem conhecimento de que alguém tenha sido preso ou de que tenha sido levantado algum processo judicial.

O grupo islamita conhecido como Boko Haram reivindicou a responsabilidade por muitos dos ataques, embora não todos. Por isso, a Amnistia Internacional está a apelar aos Boko Haram, ou a qualquer grupo armado ou indivíduos simpatizantes, que parem imediatamente todos os ataques contra escolas, professores e alunos.

Ao mesmo tempo, conclui a Diretora Adjunta da Amnistia Internacional, “as autoridades nigerianas devem providenciar melhor proteção às escolas e assegurar que os ataques são investigados convenientemente e os responsáveis levados à justiça”. 

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